Coluna #10 WOW PetCoaching: A culpa é do cão!
Será que a culpa é dos cães pelos comportamentos errados que eles oferecem?
Por Carla Ruas dia em Blog
Os motivos que nos levam a "ter" um cão são, algumas vezes, trágicos. É regido por uma boa intenção preenchida de ações pouco valiosas à espécie canina. Ou ainda, bem contrárias às vontades e necessidades de um cão.
Cão
Significado popular
p.metf. Aquele que veio ao mundo para amar os humanos como ninguém. Preencher corações vazios e saciar carências.
São os cães de vitrine: tão bonitos e bem cuidados por fora e tão tristonhos por dentro.
Logicamente que essa tristeza é muito subjetiva, pois eles sabem se contentar e amar com o que lhes é oferecido. Isso nos faz acreditar numa felicidade que, nada mais é que o desespero em formato de excitação. É a ansiedade desmedida. O latido excessivo. As mordidas apavorantes e os pulos desconcertantes.
"Meu cão se comporta mal!" e ele só está fazendo o que é bem natural à sua espécie. A culpa não é do cão. Claramente, é possível orientá-los para que estes comportamentos aconteçam em local e hora correta. Mas, para isso, é preciso entender: a culpa nunca é do cão!
Vemos o problema e não a sua origem.
Antes de pensar nas correções e nas medicações, pense: Como meu cão vive? Como eu o educo? Como meu cão vê sua própria comida: ela tem valor para ele? Quais são as atividades que ele tem ao longo do dia: são cansativas e estimulantes? Quantos cães e pessoas ele cão vê em sua rotina: tem bons momentos com eles?
"Ah, mas isso não é sobre fazer o cão a parar de latir, de puxar a guia ou de parar de me morder!"
Não é mesmo. Nada do que vivemos em nossas vidas é diferente disso: reação em cadeia.
Pense na vida de seu cão, como a sua: ter mil amigos no Facebook e nunca se relacionar com eles não te faz uma pessoa mais sociável. Ociosidade nunca te trouxe grandes conquistas e nunca te foi estimulante.
Ter tuas necessidades básicas atendidas, mas sem olhá-las com valor não te fez mais grato. Nada disso te faz mais feliz. A forma como você se relaciona com isso, sim.
Educar um cão não se trata de resolver problemas, trata-se de melhorar a qualidade de vida e bem estar: de ambos, humanos e cães.
Teu cão precisa ser cão. Não falamos das patinhas sempre limpas, dos pelos sempre brilhando, dos brinquedos sempre intactos e da caminha mais bonitinha.
Falamos de cães. Falamos de permitirmos eles serem cães.
De fazê-los serem estimulados fisicamente e mentalmente para se alimentar (quantos conhecem essa opção?!), de socializá-los adequadamente com tudo que a nossa sociedade oferece (não, para eles não é nada natural uma rua cheia de barulhos, uma coleira e guia segurando-os e sair para conhecer tudo isso de uma vez só). Socialização é bem diferente de exposição.
Não estão na nossa casa para enfeitar nossa decoração e nosso coração. Não use o amor incondicional deles como forma de justificar o tratamento desleal à espécie. Cão feliz é cão cansado, estimulado.
Confundimos a vida dos cães com a vida que não pertencem a eles: ficarem entediados durante o dia, à sua espera e, ao chegar em casa, se deparar com a sua falta de tempo nas atividades com seu cão.
Você não é o dono do seu cão. É tutor. Você não tem um cão. Você tem um privilégio. Honre-o. Ressignifique-o